O que é
São arritmias que cursam com frequência cardíaca baixa (batimentos cardíacos lentos, abaixo de 50bpm), pausas prolongadas dos batimentos cardíacos ou não aceleração da frequência cardíaca esperada para o nível de esforço físico. Muitas vezes é possível identificar bloqueios em que o estímulo cardíaco que deveria se propagar dos átrios (câmaras superiores do coração) para os ventrículos (câmaras inferiores do coração) não ocorre.
É importante lembrar que nem toda bradicardia é sinal de doença, ela poderá ser fisiológica (por exemplo em atletas; período de sono) quando o ritmo cardíaco é normal e a frequência cardíaca é baixa, porém não traz sintomas ou repercussão clínica.
Causas
Podem ocorrer por envelhecimento do sistema de condução elétrico (fiação do coração), uso de medicação que tem ação cronotrópica negativa (que diminuem a frequência cardíaca), intoxicação medicamentosa, anormalidades no funcionamento da tireoide, distúrbios de alguns eletrólitos como o potássio, calcificação de válvulas cardíacas, infarto, doenças inflamatórias / infiltrativas do coração (miocardite, Chagas, amiloidose, etc), após procedimentos cirúrgicos cardíacos (como implante de válvulas, ablação, correção de malformações cardíacas), doenças degenerativas neuromusculares e até bloqueios congênitos (malformação cardíaca fetal, doença autoimune materna).
Sintomas
Quando a bradiarritmia leva a frequências cardíacas muito baixas a ponto de determinar baixo fluxo sanguíneo os sintomas podem ser variados, desde leve tontura até desmaio (perda de consciência). Podem ocorrer também fraqueza / sonolência excessivas, falta de ar e dor no peito aos esforços.
Diagnóstico
A história clínica, o exame físico e o eletrocardiograma são suficientes em boa parte dos casos. O Holter de 24h auxilia muito na avaliação do comportamento da frequência cardíaca ao longo de 24h, bem como quadros intermitentes de bloqueios e pausas. Ecocardiograma auxilia em casos de doença associada a malformações congênitas, doença de válvula além de progressão para insuficiência cardíaca.
Teste Ergométrico pode ser necessário para afastar doença isquêmica associada e avaliação de déficit cronotrópico (não aceleração da frequência cardíaca frente ao esforço físico). Em casos selecionados com sintomas esporádicos, pode ser utilizado Loop recorder (monitor de eventos) que flagra o ritmo mediante o acionamento por sintomas. O monitor de eventos pode ser externo (usado de 7 a 30 dias) ou implantável (pequeno aparelho colocado sob a pele do tórax capaz de monitorar o ritmo do coração por até 3 anos).
Quando as causas dos sintomas, especialmente síncope (desmaio), não foram definidas com os exames regulares, pode-se lançar mão do estudo eletrofisiológico, (cateterismo específico para investigar arritmias) que avaliará o sistema elétrico do coração.
Tratamento
O tratamento dependerá da identificação da gravidade da bradiarritmia, presença de sintomas associados e identificação de causas reversíveis. Em casos assintomáticos e sem gravidade é possível apenas manter acompanhamento clínico. Em situações com riscos associados e sem causas reversíveis será necessário implante de marcapasso, dispositivo responsável pela manutenção dos batimentos cardíacos através de estímulos elétricos cardíacos artificiais.
Prevenção
A avaliação médica regular (check-up) e o controle de fatores de risco de doenças como diabetes, obesidade, hipertensão e tabagismo. Os cuidados devem ser redobrados em pacientes que possuem problemas no coração (válvulas, infarto, coração fraco, etc.).
Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein. "Bradiarritmias". Por Fernanda Farias Vianna. Autorizado sob licença CC BY-ND 3.0 BR.