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Disfunção Endotelial. Quais são as causas, diagnóstico, tratamento e a prevenção?

Disfunção Endotelial. Quais são as causas, diagnóstico, tratamento e a prevenção?

Alterações no Endotélio Vascular são passos iniciais do desenvolvimento da Aterosclerose.

O que é disfunção endotelial?

 

A disfunção endotelial é um tipo de doença arterial coronariana não obstrutiva devido a alterações do endotélio dos vasos sanguíneos, em que não há bloqueios das artérias cardíacas, mas os grandes vasos sanguíneos na superfície do coração se contraem em vez de se dilatarem. Ela precede a formação de arteriosclerose das artérias coronarianas e suas consequências.

 

O que é endotélio?

 

O endotélio é a monocamada de células achatadas de espessura variável que reveste o interior dos vasos sanguíneos, incluindo vasos linfáticos, artérias, veias, câmaras do coração e, especialmente, os capilares, onde atuam como uma barreira permeável entre o sangue circulante e os demais tecidos. Mas sua função não é de simples barreira de difusão passiva.

 

Ele exerce função determinante no controle da homeostase vascular, participando da regulação de sinais intracelulares, permeabilidade e tônus vascular, da cascata de coagulação e da angiogênese (produção de vasos sanguíneos novos), entre outras. Suas células são tipicamente epiteliais quanto à sua estrutura, posição e função, desenvolvem-se a partir do mesoderma e são chamadas de células endoteliais.

 

Quais são as causas da disfunção endotelial?

 

A disfunção endotelial é causada quando o endotélio é agredido por um fator qualquer, incluindo diabetes mellitus ou síndrome metabólica, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, tabagismo e inatividade física ou uma combinação de mais de um desses fatores.

 

Qual é o substrato fisiológico da disfunção endotelial?

 

Antigamente pensava-se que o papel do endotélio vascular era principalmente o de ser uma barreira seletiva para a difusão de substâncias do interior dos vasos sanguíneos para o espaço intersticial. Nos últimos 20 anos, no entanto, muitas outras funções têm sido atribuídas a ele, como a regulação do tônus vagal, promoção e inibição do crescimento vascular e modulação da inflamação, da agregação plaquetária e da coagulação.

 

Esse achado é considerado um dos mais importantes conceitos da biologia vascular moderna. O endotélio vascular produz substâncias biológicas, como o óxido nítrico, por exemplo, que contribuem para manter o tônus vascular e manter uma superfície endotelial não aderente.

 

O endotélio vascular, quando agredido, perde progressivamente suas funções de proteção, passando a ser fonte de progressão das condições que levam à aterosclerose, alterando sobretudo a resposta vasodilatadora, reduzindo a atividade antitrombótica e provocando dano vascular.

 

A disfunção endotelial está sempre antecedentemente presente nos pacientes com aterosclerose das artérias coronárias e influencia na progressão dessa doença e de seus eventos adversos. As agressões ao endotélio geram uma resposta inflamatória, levando a um quadro de disfunção da célula endotelial, dando origem também ao enrijecimento da parede vascular e formação da placa de aterosclerose.

 

A disfunção endotelial leva a uma redução de vasodilatadores derivados do endotélio, tais como o óxido nítrico, marca funcional da disfunção endotelial.

 

Quais são as características clínicas da disfunção endotelial?

 

Atualmente, a aterosclerose é a principal doença que decorre da disfunção endotelial. Estudos experimentais têm demonstrado que exercícios físicos adequados são capazes de restaurar e melhorar a função endotelial pelo efeito vasodilatador que têm e pela atuação deles sobre os fatores de risco. Entretanto, a literatura ainda é controversa quanto à intensidade de esforço necessária para provocar alterações protetoras significativas na função endotelial, já que quando em excesso os exercícios podem ter efeito inverso. A relação entre exercícios intensos e aumento no consumo de oxigênio, com consequente aumento na formação de radicais livres, também é aventada como desfavorável.

 

A disfunção endotelial tende a afetar mais mulheres do que homens. Os sinais e sintomas incluem, entre outros: dor no peito; aperto ou desconforto (angina) no peito, que pode piorar durante as atividades diárias e em momentos de estresse; desconforto no braço esquerdo, mandíbula, pescoço, costas ou abdômen associado à dor no peito; falta de ar; cansaço e falta de energia.

 

Como o médico diagnostica a disfunção endotelial?

 

A função da camada endotelial dos vasos pode ser avaliada pela responsividade dela a estímulos vasodilatadores e/ou vasoconstritores. Os métodos consistem em análises in vitro, como cultura de células endoteliais, e in vivo, como a dilatação mediada pelo fluxo sanguíneo, pletismografia por oclusão venosa ou dosagem de marcadores séricos. No entanto, usualmente nenhuma dessas técnicas é utilizada para diagnóstico clínico, uma vez que elas são muito invasivas, caras ou difíceis de padronizar.

 

Como o médico trata a disfunção endotelial?

 

As principais medidas terapêuticas usualmente empregadas envolvem o emprego de medicamentos tais como os inibidores da enzima conversora da angiotensina, β-bloqueadores, estatinas, L-arginina e a prática de exercícios físicos, que se demonstram eficazes na redução do processo inflamatório do endotélio, representando um importante benefício na melhora sintomática e no prognóstico da doença. Lembrando que o excesso de atividades físicas pode ser prejudicial.

 

Como prevenir a disfunção endotelial?

 

Como ainda é difícil diagnosticar a aterosclerose subclínica, o grande desafio é procurar evitá-la. Na verdade, os médicos fazem isso no dia-a-dia, seja sugerindo mudanças no estilo de vida ou com medicações para normalizar os lipídeos, a pressão arterial e a glicemia.

 

 

Fonte: AbcMed. "Disfunção endotelial - causas, características clínicas, diagnóstico, tratamento e prevenção". Autorizado sob licença CC BY-ND 3.0 BR.

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.