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Por que fazer consultas e exames de rotina em seus filhos?

Por que fazer consultas e exames de rotina em seus filhos?

O check-up é muito importante para assegurar um crescimento saudável das crianças e adolescentes.

As organizações de saúde indicam que os exames laboratoriais em crianças e adolescentes saudáveis devem ser feitos com restrição e somente após pedido de um médico, preferencialmente, o pediatra. O objetivo é evitar que os pequenos passem por procedimentos invasivos de forma desnecessária. Por isso, os exames de rotina, que vão sendo realizados à medida em que a criança se desenvolve, são importantes para detectar problemas de saúde ainda em estágio inicial. A questão é que muitas vezes os pais deixam de realizá-los porque os filhos não apresentam sintomas aparentes ou não reclamam de nenhuma anormalidade.

 

O acompanhamento do bem-estar das crianças e adolescentes deve ser feito pelos pediatras em consultas periódicas, onde serão avaliados o crescimento e o desenvolvimento infantil, de acordo com a faixa etária. Também serão acompanhadas a alimentação e a situação vacinal e solicitados os exames indicados para cada fase.

 

Segundo a médica patologista clínica do Laboratório Lustosa, Ana Maria Sales, alguns problemas que vão se manifestar somente anos depois já podem ser detectados de forma precoce nesses procedimentos mais simples. “Dependendo das características ou condições físicas da criança, como é o caso da obesidade, ou fatores genéticos (que podem ser herdados dos pais), alguns exames tornam-se essenciais para justamente prevenir e diagnosticar doenças que ainda não se manifestaram clinicamente, que é o principal motivo do check-up infantil”, alega a profissional, que já atuou por 10 anos também como pediatra.

 

Lembrando que o check-up laboratorial é apenas mais uma ferramenta que o médico e os pais têm para o acompanhamento da saúde das crianças. “Não podemos nos esquecer também dos bons hábitos de vida como a adoção de uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas, assim como as imprescindíveis visitas regulares ao pediatra”, destaca a doutora Ana Maria.

 

Veja abaixo quais os exames mais comuns indicados para crianças e adolescentes e como eles ajudam na manutenção da saúde deles:

 

Exame de urina rotina: Esse exame, basicamente, avalia a presença de infecções do trato urinário mas outras anormalidades também podem ser detectadas, como perda de proteína ou a presença de glicose na urina, que vão demandar uma investigação complementar posterior do pediatra para diagnosticar possíveis causas.

 

Exame de ureia e creatinina: Os níveis dessas substâncias no sangue podem indicar problemas nos rins, portanto eles podem ser solicitados caso haja algum indício de mau funcionamento desses órgãos ou em casos de doenças possivelmente hereditárias em familiares próximos, com o objetivo de identificar precocemente um problema.

 

Exame parasitológico de fezes: O procedimento detecta e identifica parasitas intestinais. Apesar de alguns profissionais optarem pelo tratamento empírico das verminoses, esse exame ainda é essencial para a correta identificação do parasita, o que torna o tratamento mais eficaz.

 

Hemograma: Detecta alterações sanguíneas e é essencial para a investigação das anemias. A deficiência de ferro é a carência nutricional mais comum no mundo e a principal causa de anemia, e torna-se um problema ainda mais grave em crianças pequenas que encontram-se na fase de crescimento e desenvolvimento. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma triagem universal em todas as crianças de nove meses a um ano de vida através do hemograma. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a realização do hemograma a partir dos 12 meses. Também podem fazer parte desta triagem a contagem de reticulócitos, que analisa a produção de hemácias pela medula óssea.

 

Glicemia: Esse teste tem como principal finalidade diagnosticar o diabetes. Os casos de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), com evolução lenta e silenciosa e que, em decorrência da obesidade, têm crescido muito nos últimos anos nas crianças e adolescentes, têm no check-up um grande aliado para o seu diagnóstico. Recentemente, a American Diabetes Association (ADA) criou recomendações específicas de rastreio para o diabetes na população infantil. Dessa forma, as crianças acima de 10 anos ou que tenham iniciado a adolescência (o que ocorrer primeiro) com sobrepeso ou obesidade, e que tenham pelo menos um fator de risco para desenvolvimento de DM2 (como por exemplo, histórico familiar em parentes de primeiro ou de segundo graus) devem ser rastreadas. Caso os testes de rastreio venham inalterados, devem ser repetidos a cada três anos, ou mais precocemente, se houver aumento do índice de massa corporal (IMC). Glicemia de jejum, teste de tolerância oral à glicose e hemoglobina glicada (A1c) são os testes possíveis de serem utilizados para o diagnóstico do DM2 em crianças e adolescentes.

 

Perfil lipídico: Esse exame avalia o metabolismo das gorduras no sangue, colesterol e triglicérides. Assim como no diabetes, vemos os casos de dislipidemia aumentarem nos últimos anos em função da mudança de estilo de vida e consequente aumento da obesidade infantil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, independentemente de fatores de risco, toda criança deve dosar o colesterol por volta dos 10 anos de idade. E devemos triar o perfil lipídico em crianças entre dois e 10 anos, quando elas: têm pais ou avós com história de doença arterial isquêmica precoce; têm pais com colesterol total superior a 240 mg/dL; apresentam outras doenças ou fatores de risco para aterosclerose (como o diabetes e a obesidade); são portadoras de doenças que cursam com dislipidemia; utilizam medicamentos que alteram o perfil lipídico; possuem manifestações clínicas de dislipidemias.

 

Sorologias para hepatites A e B: Podem indicar se a criança é imune ou se tem necessidade de vacinação ou revacinação.

 

Crianças recém-adotadas: Esse grupo merece especial atenção em relação ao check-up infantil, já que, muitas vezes, a história familiar ou as condições do pré-natal materno são desconhecidas. Nestes casos, devem ser pedidos exames sorológicos de doenças infecciosas nas primeiras consultas médicas.

 

 

Fonte: LabNetwork, 2019. "Exames de rotina podem detectar precocemente doenças em crianças e adolescentes". Autorizado sob licença CC BY-ND 3.0 BR.

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.