Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular

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Você sabe o que é o Tamponamento Cardíaco?

Você sabe o que é o Tamponamento Cardíaco?

Entenda por que deve ser tratado urgentemente.

O tamponamento cardíaco é uma emergência médica na qual há um acúmulo de sangue ou outro líquido no espaço entre as duas camadas do pericárdio (saco no qual o coração está envolvido), líquido este extravasado geralmente através de alguma ruptura do músculo cardíaco ou de exsudação do próprio pericárdio, impedindo os ventrículos do coração de se encherem adequadamente.

 

Quais são as causas do tamponamento cardíaco?

 

O tamponamento cardíaco tem várias causas que podem provocar o extravasamento de líquidos ou sangue, como os derrames ocasionados por inflamações pericárdicas agudas ou hemorragias na cavidade pericárdica, resultantes de um infarto agudo do miocárdio ou uma ruptura ou dissecção de parede de aorta proximal.

 

Sabe-se, no entanto, que a maioria dos casos relatados na literatura está relacionada ao ferimento por arma branca. Outras causas podem ser: traumas no tórax, câncer, especialmente nos pulmões ou coração, hipotireoidismo, pericardite aguda, insuficiência renal, ataque cardíaco recente, lúpus eritematoso sistêmico, radioterapia, uremia e cirurgia recente do coração.

 

Quais são as repercussões fisiológicas do tamponamento cardíaco?

 

O efeito compressivo sobre as câmaras do coração, ocasionado pelo acúmulo de sangue ou outro líquido no espaço pericárdico virtual, faz com que elas sejam impedidas de relaxarem satisfatoriamente durante a diástole cardíaca. Assim, o coração não se enche de sangue suficientemente para manter o débito cardíaco e a pressão arterial adequados, que, por esta razão, caem abaixo de seus níveis habituais.

 

O saco pericárdico pode acomodar de 80 a 100 ml de líquido sem interferir no débito cardíaco, porém devido ao fato de que as membranas pericárdicas sejam estruturas não elásticas, a hemorragia intrapericárdica de maior volume pode restringir o enchimento diastólico de ambos os ventrículos, prejudicando de modo grave a dinâmica da circulação.

 

Quais são as principais características clínicas do tamponamento cardíaco?

 

Pequenos acúmulos de líquido, da ordem de 100 a 150 ml, já são suficientes para gerar as manifestações clínicas e fazer com que os sintomas apareçam. As manifestações clínicas mais importantes incluem veias do pescoço distendidas, aumento da frequência respiratória e cardíaca, tosse, dificuldade para engolir e/ou respirar, dor no tórax, cianose em graus variados, pés e mãos frias e hipotensão ou choque.

 

A clássica tríade de Beck, (1) veias distendidas do pescoço, (2) bulhas abafadas e (3) hipotensão arterial, está presente em apenas 30 a 40% dos casos, ou ainda menos. Outras alterações no exame físico que podem ser encontradas e que são muito importantes incluem congestão pulmonar e pulso paradoxal (queda superior a 10 mmHg na pressão arterial sistólica durante a fase inspiratória da respiração).

 

Como o médico diagnostica o tamponamento cardíaco?

 

Havendo suspeita clínica de tamponamento cardíaco, a identificação de derrame pericárdico pode ser feita pelo ecocardiograma transtorácico ou por meio do ultrassom FAST (Focused Assessment Sonography for Trauma), método que, em mãos experientes, pode apresentar até 90% de acurácia para a presença de líquido no pericárdio.

 

Outros exames que podem ajudar direta ou indiretamente no diagnóstico são a radiografia de tórax, o eletrocardiograma, o ecocardiograma transtorácico e a ressonância magnética. O ecocardiograma, mesmo simples, continua sendo o exame de escolha para confirmar o diagnóstico nestes casos.

 

Como o médico trata o tamponamento cardíaco?

 

A intervenção imediata, em caráter provisório, inclui a pericardiocentese subxifoideana, com agulha de ponta romba, para diminuir a quantidade de líquido no pericárdio. A remoção de 15-20 ml de líquido já é o suficiente para uma significativa melhora hemodinâmica e para produzir alívio dos sintomas. A pericardiocentese também pode acabar se transformando em um método diagnóstico.

 

Ainda num primeiro momento de estabilização, pode ser feita a tomada de analgésicos intensos, como a morfina, por exemplo, e diuréticos, visando excretar maiores quantidades de líquidos, até que o líquido intrapericárdico possa ser retirado através de cirurgia; reposição do volume de sangue do organismo; administração de oxigênio e repouso absoluto com a cabeça ligeiramente levantada.

 

Logo após alcançada a estabilização clínica, o tratamento definitivo inclui toracotomia (abertura cirúrgica do tórax) em centro cirúrgico para reparo imediato da lesão cardíaca causadora.

 

 

Fonte: AbcMed, 2018. "Tamponamento cardíaco". Conteúdo Editado. https://bit.ly/2J6Y8nK

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.