Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular

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Você sabe como é a atuação dos anti-hipertensivos?

Você sabe como é a atuação dos anti-hipertensivos?

Os Anti-hipertensivos são uma classe de fármacos empregados no tratamento da hipertensão.

O que são os anti-hipertensivos?

 

A pressão arterial (PA) pode elevar-se silenciosamente e só produzir sintomas quando em níveis muito elevados. No entanto, sendo duradoura, mesmo em níveis menores ela causa danos ao organismo. Por exemplo, a hipertensão arterial sistêmica é a responsável mais frequente pelas doenças cardiovasculares e por eventos cardiovasculares fatais e não fatais. A ação hipotensora é, pois, protetora da saúde.

 

A elevação da pressão arterial pode dar-se basicamente por um aumento da resistência vascular periférica por um débito cardíaco aumentado. Os medicamentos anti-hipertensivos atuam em um ou outro desses dois fatores, ou em ambos.

 

O mecanismo de ação dos anti-hipertensivos irá depender da classe à qual pertencem. Há pelo menos cinco classes de anti-hipertensivos, a saber: (1) os diuréticos; (2) os β-bloqueadores adrenérgicos; (3) os bloqueadores do canal de cálcio; (4) os vasodilatadores e (5) os inibidores da enzima conversora da angiotensina.

 

Como agem os mecanismos dos anti-hipertensivos?

 

Em primeiro lugar, é preciso dizer que os anti-hipertensores só agem sobre os níveis elevados da PA, sendo praticamente nulos seus efeitos sobre os níveis normais da PA. O mecanismo e a potência de ação dos anti-hipertensivos irão depender da classe à qual pertencem:

 

1. Os diuréticos aumentam o volume do fluxo da urina. São considerados a classe de fármacos anti-hipertensivos mais utilizada no tratamento da hipertensão, sozinhos ou em associação com outros medicamentos. São substâncias com uma ação sobre os rins, atuando de forma a aumentar a excreção urinária de solutos. Seu efeito primário consiste em promover um maior débito de sódio, o que por sua vez causa também maior débito de água e, assim, do volume de líquidos extracelulares no organismo. Há dois tipos de medicamentos diuréticos que podem ser escolhidos pelo médico, conforme as características clínicas do paciente: diuréticos de alça e diuréticos tiazídicos.

 

2. Os β-bloqueadores adrenérgicos antagonizam os receptores da noradrenalina. São drogas que intervêm na transmissão simpática. Os efeitos anti-hipertensivos dessas drogas são múltiplos, incluindo: diminuição do débito cardíaco, efeitos inibidores centrais, readaptação dos barorreceptores (receptores da pressão), diminuição da liberação de renina e inibição simpática periférica. Além disso, elas têm efeitos antiarrítmicos e antianginosos. Os antagonistas dos receptores β-adrenérgicos foram descobertos em 1958 e têm sido empregados desde então.

 

3. Os bloqueadores do canal de cálcio reduzem a excitabilidade e a frequência cardíacas, promovendo o relaxamento da musculatura lisa arterial e reduzindo a resistência vascular periférica. Esses fármacos reduzem a entrada de cálcio nas células, o que causa a dilatação generalizada das artérias e arteríolas e a consequente diminuição da resistência delas, reduzindo a pressão arterial.

 

4. Os vasodilatadores promovem a vasodilatação e assim reduzem também a resistência periférica. Os vasodilatadores aumentam o espaço de contenção do sangue e, com isso, diminuem a força de pressão sobre a parede das artérias. Os medicamentos desse grupo atuam diretamente sobre a musculatura da parede vascular, promovendo o relaxamento muscular delas. Em consequência da vasodilatação arterial direta, promovem retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que contraindica seu uso como monoterapia. Alguns vasodilatadores exercem suas ações em regiões específicas do organismo, como artérias do cérebro ou do coração, por exemplo. Esses vasodilatadores são utilizados em enfermidades desses órgãos e não apenas como anti-hipertensivos.

 

5. Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs) atuam bloqueando a conversão da angiotensina I em angiotensina II, que é um vasoconstritor potente. Os IECAs continuam sendo a melhor alternativa de medicação por via oral ou sublingual para o tratamento de crises hipertensivas. Eles também são formalmente contraindicados na gravidez e em estenose bilateral de artérias renais. Deve ter uso cauteloso em insuficiência renal, estados hipovolêmicos e em hipercalemia.

 

O tratamento da hipertensão

 

O primeiro passo no tratamento da hipertensão arterial deve ser frisar a importância da terapia não farmacológica. A redução de cada 5% do peso corporal corresponde a uma redução de 20 a 30% da pressão arterial, uma redução não obtida com nenhum tratamento farmacológico em monoterapia. Nesse contexto, exercícios físicos, caminhada e alimentação adequada são importantes fatores coadjuvantes.

 

Uma das decisões mais importantes no tratamento de pessoas com pressão arterial elevada é que classe de drogas deve ser utilizada no início de tratamento. O tratamento da hipertensão pode ser iniciado praticamente por qualquer um dos tipos de anti-hipertensivos e ser acompanhado ao longo do tempo e modificado, se necessário. Mais que o tipo de anti-hipertensivo, importa o nível de redução da pressão arterial.

 

Entretanto, um estudo mostrou que baixas (e não altas) doses de tiazidas reduziram todos os desfechos de morbidades e de mortalidade associados à hipertensão. Os bloqueadores dos canais de cálcio também mostraram bons resultados, embora menos incisivos. Adicionalmente, as tiazidas são de menor custo que os demais anti-hipertensivos.

 

 

Fonte: AbcMed. "Os mecanismos de ação dos anti-hipertensivos". Conteúdo Editado. Autorizado sob licença CC BY-ND 3.0 BR.

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.