Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular

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Estudo Eletrofisiológico cardíaco: Essencial no diagnóstico de doenças do coração.

Estudo Eletrofisiológico cardíaco: Essencial no diagnóstico de doenças do coração.

Importância desse estudo na avaliação elétrica cardíaca.

O coração é um órgão contrátil que funciona à base de impulsos elétricos, capaz de relaxar e contrair alternadamente de maneira espontânea, realizando respectivamente, a cada batimento, a admissão e expulsão de sangue. Em um adulto normal, o coração é capaz de bombear até 5 litros de sangue por minuto.

 

Toda essa estrutura funciona às custas de impulsos elétricos que são gerados e coordenados pelo próprio coração, através de um sistema elétrico natural conhecido como sistema de condução cardíaca. Esses impulsos partem do nó sinoatrial, conhecido como o marcapasso natural do coração, pois é responsável por gerar o impulso elétrico inicial que faz o coração bater.

 

Num coração normal, o nó sinoatrial emite de 60 a 80 pulsos por minuto. Esses impulsos se espalham rapidamente pelas demais estruturas do coração, causando sua contração, e são os responsáveis por fazer a coordenação entre a contração dos átrios e dos ventrículos do coração e a regularidade dos seus movimentos.

 

 

O que é o Estudo Eletrofisiológico do coração?

 

O Estudo Eletrofisiológico do coração é um exame invasivo, que deve ser realizado em um laboratório de eletrofisiologia cardíaca. Trata-se de um procedimento que permite ao médico estudar o funcionamento do sistema de condução elétrica cardíaca.

 

Ele é frequentemente realizado em pacientes que sofrem de arritmias cardíacas e pode ajudar a determinar a origem delas e fornecer informações importantes para o planejamento do tratamento.

 

Em alguns casos, os médicos também podem, durante o estudo, realizar um procedimento chamado de ablação por cateter para destruir as áreas do coração que causam a arritmia. A ablação é a destruição, por radiofrequência ou por aplicação de frio intenso, dos tecidos anômalos implicados na condução cardíaca.

 

 

Como é feito o Estudo Eletrofisiológico do coração?

 

Antes do procedimento, o paciente deve observar um jejum de pelo menos 6 horas e informar ao médico se sofre de alergias, bem como a respeito dos medicamentos que esteja tomando. O exame é realizado numa unidade cardiológica e feito sob sedação profunda e anestesia local.

 

Durante o procedimento, as funções cardiopulmonares do paciente devem ser continuamente monitoradas. Então, o médico faz um pequeno corte na pele sobre uma veia da virilha ou do pescoço do paciente e por ela insere cateteres finos e flexíveis, os guiando até o coração por meio de imagens de raios X. Esses cateteres contêm, em suas extremidades, eletrodos que registram a atividade elétrica do coração, a qual é gravada em equipamentos computadorizados (polígrafos).

 

Uma vez que os eletrodos são colocados na posição correta, o médico pode estimular o coração eletricamente para simular arritmias ou outros problemas de ritmo cardíaco, com a finalidade de melhor estudá-los. Ao mesmo tempo, pode registrar a atividade elétrica espontânea do coração e usar essa informação para determinar a causa do problema que um paciente apresenta e desenvolver um plano de tratamento.

 

Trata-se de um exame simples com duração média de uma hora. O procedimento deve sempre ser realizado em um ambiente controlado e por pessoal especializado.

 

 

Por que fazer um Estudo Eletrofisiológico do coração?

 

O Estudo Eletrofisiológico do coração está indicado quando os métodos não invasivos não foram capazes de esclarecer o diagnóstico em pacientes com suspeita de arritmias. Mesmo em pacientes com arritmias diagnosticadas pelo eletrocardiograma, o estudo fisiológico do coração pode permitir a ablação, naqueles casos em que a terapêutica medicamentosa não surtiu o efeito desejado.

 

Além disso, o Estudo Eletrofisiológico do coração tem como objetivo verificar a função de cada parte do sistema de condução dos impulsos elétricos do coração, identificar suas alterações e a localização delas e determinar o melhor tratamento, que pode incluir remédios ou ablação, por exemplo.

 

O exame também é frequentemente usado para avaliar pacientes que sofrem de taquicardia (batimentos cardíacos mais rápidos que o normal), fibrilação atrial (uma forma de arritmia cardíaca) ou outras condições que afetam o ritmo cardíaco. Ele ainda é utilizado para estudar as causas de síncopes ou palpitações e pode ser solicitado para avaliar o tratamento com remédios antiarrítmicos ou o funcionamento do desfibrilador implantável, por exemplo.

 

O procedimento não deve ser feito em caso confirmado ou suspeito de gravidez ou se houver infecção na corrente sanguínea ou sepse, ou trombose no local do vaso sanguíneo em que será feita a inserção do cateter. As contraindicações relativas são: distúrbio de coagulação sanguínea, peso abaixo de 25 kg, infecção em atividade e impossibilidade de acesso vascular ao coração. Estas contraindicações devem ser julgadas ante o risco da arritmia e o benefício do procedimento. Esse exame também não é recomendado caso haja problemas de coagulação sanguínea.

 

 

Quais são os riscos e complicações possíveis com o Estudo Eletrofisiológico do coração?

 

De um modo geral, o Estudo Eletrofisiológico do coração é considerado um exame seguro. No entanto, como todo procedimento médico, eventualmente podem ocorrer algumas complicações: podem surgir hematomas no local onde foram feitas as punções, tromboses na veia ou artéria onde foram feitas as punções e infecção (rara) no local das punções.

 

Apesar de se utilizar uma quantidade reduzida de raios X, não se recomenda a realização desse exame durante a gravidez. Muito raramente, podem ocorrer: danos ao tecido de condução cardíaca normal, com bloqueios aurículo-ventriculares; derrame pericárdico; acidentes vasculares cerebrais; e morte.

 

 

Fonte: AbcMed. "Estudo eletrofisiológico do coração". Conteúdo editado. Publicação autorizada sob licença do AbcMed (CC BY-ND 3.0 BR).

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.