A expressão “pressão arterial” (PA), às vezes referida também como “pressão sanguínea” (do inglês, “blood pressure”), refere-se à pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes das artérias. Essa pressão é causada em parte pelo coração, que é o órgão muscular contrátil que impulsiona o sangue para as artérias. Ao se contrair (sístole), ele injeta cerca de 70 ml de sangue no sistema arterial, a cada “batida”, fazendo aumentar aquela pressão. Durante sua dilatação (diástole), a pressão diminui. Assim, tem-se, alternativamente, dois valores da pressão arterial: (1) pressão “máxima” ou sistólica e (2) pressão “mínima” ou diastólica.
Da mesma forma, e com as mesmas consequências, as artérias também são órgãos ligeiramente contráteis e quando contraídas ou dilatadas contribuem para determinar uma pressão arterial mais alta ou mais baixa. Ademais, a pressão arterial pode também ser afetada pela perda da elasticidade dessas artérias, o que acontece, por exemplo, na arteriosclerose. Esses mecanismos, por sua vez, dependem do sistema nervoso, sistema cardiovascular e dos rins. Distúrbios nessas estruturas podem alterar a pressão arterial e causar problemas de pressão.
O substrato fisiológico da pressão arterial
A circulação é semelhante a um encanamento altamente sofisticado: o sangue "flui" pelas artérias, impulsionado por uma “bomba”, que é o coração, e é também impulsionado por uma diferença de pressão entre as extremidades desses “canos”. O coração dá origem ao principal componente da pressão sanguínea, forçando o sangue a fluir à frente quando ele se contrai a cada batimento cardíaco. A pressão arterial, no entanto, não é criada apenas pelo coração pulsante, e outros fatores atuam junto dele.
Dessa forma, a pressão arterial é mais alta quando entra na aorta e progressivamente mais baixa ao longo de ramos menores das artérias. A contratilidade das artérias também afeta a pressão arterial: a constrição delas aumenta a pressão no ponto de constrição e assim ajuda o sangue a circular. Embora o coração crie a pressão maior que faz o sangue fluir, as propriedades elásticas das artérias são igualmente importantes para mantê-la. Ao contrário, o estreitamento ou enrijecimento das artérias pode elevar a PA e eventualmente bloquear o suprimento por completo de sangue para um determinado setor do organismo, levando a condições perigosas, incluindo derrame cerebral ou infarto cardíaco.
As medidas da pressão arterial
Os valores da pressão arterial são expressos em milímetros de mercúrio (mmHg). Isso significa a altura a que ela é capaz de elevar uma coluna vertical de mercúrio. Os valores ideais da pressão arterial são de 120 mmHg para a pressão diastólica e 80 mmHg para a pressão diastólica, dados que abreviadamente são ditos como 120x80 ou, ainda, 12x8. Na verdade, valores tidos como “normais” oscilam entre 90x60 e 120x80 mmHg.
Qual das duas é mais importante: a pressão diastólica ou a pressão sistólica? Pesquisas recentes revelam que a pressão sistólica é o melhor indicador da saúde ou de problemas cardiovasculares, embora anteriormente se desse maior importância à pressão diastólica. Principalmente nos pacientes acima de 50 anos, os médicos tendem a prestar mais atenção à pressão arterial sistólica porque para a maioria dessas pessoas a arteriosclerose leva ao aumento dela.
Até há pouco tempo, a pressão era considerada alta se a pressão sistólica estivesse acima de 140 mmHg. Porém, mais recentemente, o American College of Cardiology e a American Heart Association redefiniram a pressão elevada para um limite mais baixo e passaram a defender que é preciso manter especial atenção já aos 130x80 mmHg. Há também quem considere os níveis entre 120 e 140 como “pré-pressão alta”.
A pressão diastólica considerada normal deve ser inferior a 80 mmHg. Ela atinge seu pico por volta dos 50 anos e diminui gradualmente com a idade. Contudo, valores abaixo de 60 mmHg são associados a danos ao tecido cardíaco e a resultados cardiovasculares ruins. A pressão diastólica muito baixa pode, por exemplo, resultar em bombeamento inadequado do sangue através das artérias coronárias que nutrem o músculo cardíaco.
Importante destacar também que uma pressão arterial sistólica de 120 ou mais tem um impacto negativo maior sobre a saúde nas pessoas que têm pressão diastólica baixa do que naquelas em que ela é normal.
Pressão alta (hipertensão) e pressão baixa (hipotensão)
A hipertensão geralmente não apresenta sintomas e a única maneira de saber se uma pessoa a tem é medindo a pressão regularmente. Antes de fazer um diagnóstico, deve-se fazer duas ou mais leituras distanciadas, porque os valores da PA variam muito por questões circunstanciais e/ou de momento.
Existem dois tipos principais de pressão alta: (1) pressão alta primária e (2) pressão alta secundária. A hipertensão primária, também chamada de essencial, é o tipo mais comum de hipertensão. Trata-se de um tipo crônico e que aparece sem uma causa determinada. Para a maioria dos indivíduos, ela se desenvolve com o tempo, conforme a pessoa envelhece.
A hipertensão secundária é causada por alguma outra condição médica ou pelo uso de certos medicamentos e pode, pois, ser transitória. Geralmente, melhora se for possível tratar essa condição ou parar de tomar os medicamentos que a estão causando.
A pressão alta, principalmente a hipertensão primária, é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiências renal e cardíaca. O problema quase sempre é herdado dos pais (90% dos casos), mas há vários fatores que influenciam os níveis dessa pressão arterial: hábitos de vida do indivíduo, como alimentação, sedentarismo e falta de exercícios físicos, fumo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, consumo elevado de sal, níveis altos de colesterol, etc.
Na maioria dos adultos saudáveis, a pressão baixa não causa problemas ou sintomas, mas em outros pode causar desmaios ou tonturas porque o cérebro não recebe sangue suficiente para um funcionamento correto. Nem sempre ela é causada por uma doença subjacente e muitas vezes segue um histórico familiar de pressão baixa. Em alguns casos, pode ser um efeito colateral de medicamentos.
Fonte: AbcMed. "O que vem a ser pressão arterial?". Autorizado sob licença CC BY-ND 3.0 BR.