Malformações arteriovenosas são conexões anormais entre artérias e veias, contornando (bypassing) o sistema capilar. Isso perturba o fluxo sanguíneo normal e o fornecimento de oxigênio aos tecidos.
Quais são as causas das malformações arteriovenosas?
A causa das malformações arteriovenosas não está clara. A maioria das pessoas nasce com elas (congênitas), mas ocasionalmente elas podem se formar mais tarde na vida (adquiridas). Elas raramente são transmitidas entre membros de uma mesma família. Os padrões de transmissão genética, se houver, são desconhecidos, mas geralmente não se considera que sejam hereditárias.
Qual é o mecanismo fisiológico das malformações arteriovenosas?
Em um breve esquema da anatomia e fisiologia da circulação, pode-se dizer que as artérias se ramificam desde um tronco arterial de grande calibre (artéria aorta), passando por ramos arteriais cada vez menores, até vasos capilares de dimensões tão ínfimas que são indetectáveis a olho nu.
No sentido inverso, esses capilares se confluem em vasos venosos cada vez de maior calibre, até formar um tronco venoso de grosso calibre que aflui ao ventrículo direito. Daí, o sangue se dirige aos pulmões e depois de passar pelo capilares pulmonares, retornam ao ventrículo direito, de onde passam à artéria aorta, repetindo o ciclo.
Nos capilares pulmonares, o sangue toma o oxigênio do ar respirado e libera o CO2 trazido pelo sangue venoso. Nos capilares periféricos dá-se a troca inversa: liberam o oxigênio carreado pelo sangue arterial para nutrir os tecidos e recolhem deles o CO2 que será liberado nos pulmões.
Uma malformação arteriovenosa interfere com este processo, formando uma conexão direta das artérias e veias, sem passar pelos capilares, podendo levar a sérios problemas médicos devidos à falta de oxigênio. As malformações arteriovenosas são mais frequentes no cérebro e na medula espinhal, mas podem se desenvolver em qualquer parte do corpo. As malformações arteriovenosas não têm o efeito amortecedor dos capilares quanto ao fluxo sanguíneo, o que significa que podem aumentar progressivamente ao longo do tempo. Elas também fazem com que a área circundante seja privada da remoção de CO2 e da entrega de nutrientes às células.
Quais são as principais características clínicas das malformações arteriovenosas?
Se uma malformação arteriovenosa interrompe o processo circulatório normal, os tecidos adjacentes podem não receber o oxigênio suficiente e as artérias e veias afetadas podem se enfraquecer e romper. Uma malformação arteriovenosa pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, mas ocorre mais comumente no cérebro ou na coluna. Se isso acontecer no cérebro, os sintomas neurológicos dependerão da localização da lesão.
Embora muitas malformações arteriovenosas sejam assintomáticas (81-88%), algumas delas podem causar sintomas, os quais variam de acordo com a localização da malformação. Eles podem incluir dificuldades na coordenação dos movimentos, vertigem, dificuldades de fala, dificuldades de realizar as atividades cotidianas, apraxia (impossibilidade de executar movimentos coordenados, por exemplo, andar ou escrever, mesmo que não haja afecção da motricidade e da sensibilidade), dormência, confusão mental, dor e alucinações.
As malformações arteriovenosas cerebrais, muito frequentes, podem se apresentar de várias maneiras diferentes: sangramentos, início agudo de dor de cabeça severa, déficits neurológicos, convulsões, alterações ou perda de visão.
Como muitas vezes são assintomáticas, as malformações arteriovenosas podem ser descobertas como parte de uma autópsia ou são um "achado incidental" durante o tratamento de um distúrbio não relacionado.
Como o médico diagnostica as malformações arteriovenosas?
As malformações arteriovenosas podem ser diagnosticadas principalmente por exames de imagem tais como pela angiografia por tomografia computadorizada, pela ressonância magnética ou por angiografia por ressonância magnética.
Como o médico trata as malformações arteriovenosas?
O tratamento para as malformações arteriovenosas cerebrais, as mais comuns, pode ser sintomático ou conservador e os pacientes devem ser monitorados por um neurologista que possa avaliar quaisquer sinais ou sintomas que surjam. O tratamento específico pode envolver embolização endovascular, neurocirurgia ou radiocirurgia. A embolização corta o fornecimento de sangue às malformações arteriovenosas e pode ser usada em adição à neurocirurgia ou radiocirurgia. Raramente é um procedimento bem-sucedido quando empregado isoladamente, exceto em malformações menores.
Fonte: ABCMED, 2018. "Malformações arteriovenosas". https://bit.ly/2LMxVsr