Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular

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Implante de Clipes para o tratamento da Insuficiência Mitral.

Implante de Clipes para o tratamento da Insuficiência Mitral.

Entre todas a doenças das válvulas cardíacas, a insuficiência mitral é a mais frequente.

O coração possui 4 válvulas cardíacas que trabalham em sintonia e mantêm o fluxo de entrada e saída do sangue pelas cavidades ou câmaras do coração. Estas válvulas são denominadas aórtica, pulmonar, tricúspide e mitral.

 

A válvula mitral é formada por duas pequenas porções conhecidas como folhetos que separam o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo. Através de movimentos ininterruptos de abertura e fechamento, os folhetos controlam a passagem de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. Em condições normais, esta passagem sanguínea deve acontecer apenas na direção do átrio para o ventrículo.

 

O que é insuficiência mitral?

 

A insuficiência da válvula mitral é uma doença que compromete os folhetos e/ou as suas estruturas de sustentação, levando ao fechamento incompleto da válvula o que produz um vazamento de sangue do ventrículo para o átrio (ou seja, de forma invertida).

 

Inúmeras doenças podem causar problemas na mecânica de funcionamento da válvula mitral, destacando-se a degeneração dos folhetos (degeneração mixomatosa), o prolapso da válvula mitral, a ruptura de suas cordas de sustentação (cordas tendíneas), o infarto do miocárdio, a insuficiência cardíaca (dilatação do coração), a infecção da válvula (endocardite), a doença de Barlow e a febre reumática.

 

A insuficiência mitral de grau avançado pode ocasionar dilatação de todo o coração e sobrecarga nos pulmões, desencadeando uma série de sinais e sintomas como sopro cardíaco, falta de ar, palpitações, desmaio e mesmo morte. Independentemente da causa, pessoas portadoras de insuficiência mitral avançada evoluem desfavoravelmente no longo prazo.

 

A insuficiência mitral é uma doença comum?

 

Entre todas a doenças das válvulas cardíacas, a insuficiência mitral é a mais frequente. Nos Estados Unidos, estima-se que entre 2,0 a 2,5 milhões de pessoas apresentem insuficiência mitral avançada e a perspectiva é que este número dobre até 2030 devido ao envelhecimento e aumento da população.

 

Quais são as formas de tratamento?

 

Além da prescrição de medicamentos, a insuficiência mitral de grau acentuado, acompanhada ou não de sintomas, pode ter indicação de correção.

 

O tratamento por cirurgia convencional (abertura do peito) é uma técnica bem estabelecida e é normalmente a primeira opção para o reparo da válvula. No entanto, por se tratar de condição que acomete pessoas geralmente idosas e com múltiplas doenças associadas, o tratamento por cirurgia convencional pode, muitas vezes, estar contraindicado. Mais recentemente, uma nova técnica menos traumática (MitraClip) foi introduzida na Cardiologia para o tratamento desta condição.

 

Como funciona o MitraClip e quando é indicado?

 

As pessoas candidatas ao tratamento com o MitraClip são os portadores de insuficiência mitral avançada que apresentam risco muito elevado para a cirurgia convencional. A decisão pelo tratamento com MitraClip é feita após a discussão entre um time de especialista médicos (Heart Team) que inclui cardiologista, cardiologista intervencionista, cirurgião cardiovascular, cardiologista especialista em ultrassom do coração (ecocardiografista) e anestesiologista.

 

O procedimento consiste na colocação de pequenos clipes ou grampos (5 mm de espessura) na válvula mitral. Os clipes promovem uma delicada aproximação das bordas livres de seus folhetos, reduzindo ou mesmo abolindo o vazamento pela válvula. O sistema MitraClip foi concebido para a reconstrução de válvulas mitrais insuficientes por causas denominadas degenerativas (defeitos que danificam os folhetos) ou funcional (a válvula é normal e o vazamento de sangue acontece por dilatação do coração ou retração [tethering] de músculos de papilares que controlam movimentos dos folhetos). Os clipes são implantados por cateterismo através de um pequeno tubo introduzido pela veia femoral (veia da virilha) e guiado até o coração, não necessitando, portanto, de cirurgia de peito aberto.

 

O primeiro implante de Mitraclip foi realizado em 2003 e atualmente mais de 60 mil procedimentos já foram realizados em todo o mundo. Estudos clínicos mostram que, em pacientes selecionados, o uso do MitraClip promove melhora dos sintomas de falta de ar, da qualidade de vida, capacidade de praticar exercício físico, capacidade funcional do coração e redução do risco de morte.

 

 

Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein. "Tratamento da Insuficiência Mitral com Implante de Clipes". https://bit.ly/2MpWxrk

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.