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Hipercolesterolemia: o que é, causas, sintomas e tratamento.

Hipercolesterolemia: o que é, causas, sintomas e tratamento.

A Hipercolesterolemia é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares.

É o aumento dos níveis de colesterol (gordura) no sangue. Existem dois tipos de gordura presentes no sangue de interesse médico: o colesterol e os triglicerídeos.

 

Ambos estão implicados na causa de problemas cardíacos, sendo o colesterol mais importante. No caso do colesterol, existem dois tipos principais: o colesterol de alta densidade (High density lipoprotein – HDL, em inglês) e o de baixa densidade (Low Density Lipoprotein – LDL).

 

O HDL, também conhecido como “colesterol bom”, tem um papel protetor, sendo responsável por remover as placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos. Portanto, quanto maior seus níveis, melhor para o indivíduo.

 

Já o LDL é causador de placas de ateroma, depósitos de gordura que entopem a parede dos vasos sanguíneos e estão intimamente relacionadas à origem de doenças como o infarto do miocárdio (“ataque cardíaco”) e acidente vascular cerebral (“derrame”).

 

 

Causas:

 

Em alguns casos, a Hipercolesterolemia é causada por outras doenças (Hipercolesterolemia Secundária), como o Hipotireoidismo, ou mesmo por uso de determinadas medicações. No entanto a maioria dos casos se deve à Hipercolesterolemia Primária, havendo participação de fatores ambientais e hereditários.

 

 

Principais sintomas:

 

A Hipercolesterolemia costuma ser uma doença assintomática, somente causando sintomas após longos anos, quando o colesterol LDL aumentado no sangue provoca acúmulo de placas de gordura (ateroma) nos vasos do corpo, processo denominado Aterosclerose.

 

A Aterosclerose inicia-se de maneira microscópica desde a adolescência, porém suas manifestações com mais frequência ocorrem após os 40 anos de idade. Ela tem predileção por três locais principais: as artérias carótidas, que levam sangue ao cérebro, as artérias que levam sangue para as pernas (vasos ilíacos e femorais) e as coronárias, responsáveis por levar sangue aos músculo do coração (miocárdio).

 

No primeiro caso, a consequência direta é o acidente vascular cerebral. No segundo caso, sintomas como dor na perna ao caminhar, perda de sensibilidade nos pés ou mesmo amputação em decorrência de gangrena podem ocorrer.

 

No terceiro caso, ocorrem as manifestações de angina do peito ou de infarto do miocárdio. Vale lembrar que, além de silenciosa, a Aterosclerose é traiçoeira, já que um quarto dos casos se manifestam como morte súbita (conhecido popularmente como “infarto fulminante).

 

 

Diagnóstico:

 

O diagnóstico é feito por meio da dosagem de colesterol no sangue.

 

O exame é feito em jejum de pelo menos 10 horas e abrange os três componentes citados previamente. Todo indivíduo deve dosar os níveis de colesterol e triglicérides do sangue pelo menos a partir dos 25 anos, e em casos selecionados, quando o histórico familiar é muito forte, até em idade mais jovem.

 

Isso possibilita o tratamento precoce, num estágio em que os danos devastadores nos vasos sanguíneos ainda não aconteceram, possibilitando prevenir graves problemas de saúde.

 

 

Tratamento:

 

Envolve fundamentalmente medidas comportamentais e terapia medicamentosa. No primeiro caso, a dieta e atividade física são fundamentais.

 

Indivíduos com Hipercolesterolemia devem fazer restrição das chamadas gorduras saturadas, ou seja, gordura de origem animal, já que no organismo elas são responsáveis diretas pelo aumento no nível de LDL.

 

Além disso, devem evitar os alimentos ricos em gorduras trans, aquelas de origem vegetal quimicamente modificadas e comumente utilizadas para incrementar o gosto e cor em alimentos industrializados como salgadinhos, biscoitos e frituras.

 

Deve-se dar preferência à gorduras de origem vegetal, como os óleos de canola e girassol, o azeite de oliva e as oleaginosas (como castanhas, amêndoas, nozes, amendoins), já que aumentam os níveis de HDL.

 

Existe controvérsia em relação ao consumo de ovo, mas hoje se sabe que sua ingesta em quantidades moderadas (até um por dia) tem pouca implicação no nível de LDL do sangue. Quem tem níveis altos de triglicérides deve restringir os açúcares, massas e bebidas alcoólicas.

 

Em casos selecionados, principalmente em indivíduos com valores muito altos de colesterol no sangue (LDL maior que 190 mg/dL), nos diabéticos e nos portadores de doença cardiovascular já estabelecida (ex: histórico de infarto, AVC, cirurgia de ponte de safena etc.), deve-se lançar mão de medicamentos.

 

Os mais conhecidos são os do grupo das estatinas, que reduzem bastante principalmente o LDL. Além desses existem os fibratos, o ezetimibe, o ácido nicotínico e o ômega 3.

 

Em breve, surgirão no Brasil novos medicamentos, de uso injetável, capazes de levar a reduções acentuadas no LDL (mais do que o dobro do alcançado com as estatinas), principalmente para os casos de Hipercolesterolemia familiar, doença hereditária em que os níveis de colesterol LDL são extremamente elevados e acarretam risco de problemas cardíacos mesmo em indivíduos jovens.

 

 

Prevenção:

 

A melhor prevenção é a dieta, conforme falado previamente, sobretudo naqueles que têm histórico familiar muito forte (ex: parentes de primeiro grau com a doença). Ainda assim, sabe-se que somente 10 % do colesterol sanguíneo vem da dieta, de tal maneira que o uso de medicamentos se torna necessário em algum momento.

 

 

Incidência no Brasil:

 

A quantidade de pessoas com Hipercolesterolemia é difícil de determinar, principalmente levando-se em consideração mudanças nos critérios de gravidade e limites a partir dos quais se inicia o tratamento.

 

 

Fonte: Hospital Israelita Albert Einstein. "Hipercolesterolemia". Publicação autorizada sob licença do Hospital Israelita Albert Einstein (CC BY-ND 3.0 BR).

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Rodrigo Paez

Rodrigo Paez

Formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Escola Paulista de Medicina e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos. Adepto da cirurgia cardíaca minimamente invasiva é pesquisador do estudo multicêntrico Bypass, que reune os melhores centros de cirurgia cardíaca do Brasil.